A mão de Alfons.



UM APERTO DE MÃO PRECISA TRADUZIR SEU PORTADOR.
Olhe bem para a mão do crítico de arte Alfons Hug, o novo curador da 11ª Bienal do Mercosul, alemão da cepa com estágio no Rio, na Africa, na Russia.

Aparentemente, uma mão normal, saudável, bonita, pele boa, forte. Eu falo aparentemente porque de lá onde eu venho, no meu Ijuí - onde somos transparentes e até rústicos além do necessário, no trotear do dia a dia -, das primeiras coisas que uma mãe, um pai, ensina a um filho homem é que mão indica caráter. E que um aperto de mão, portanto, precisa traduzir, sem deixar dúvidas, o seu portador.

Hay que parecer - além de ser - firme, honesto, verdadeiro. Hay que apertar com vigor, com firmeza, quase um choque de energia que se transmite ao interlocutor.

Discurso sem palavras, Barthes em tradução simultânea.

E ai de ti se ousares te apresentar com mão mole, apática, mão de molusco. Levas daqui um tapa na orelha, do teu pai. Dali, o compadre desconfia das tuas intenções. E de lá, ficas mal-falado nas rodas das comadres.
BARTHES EM TRADUÇÃO SIMULTÂNEA.

Pois le digo que Alfons Hug faltou a essa aula. Não sei se lá de onde ele vem não se enfatiza com a suficiente força a necessidade de um aperto de mão testosterônico. Acho difícil, pois minha terra foi colonizada por símiles de Alfons Hugs teutos. Logo, a cultura é a mesma.


O que sei é que gente que lhe apertou a mão ontem à noite, em evento das artes, voltou do embate meio sem jeito, desenxabida, desconcertada, relatando molezas arredias, mão de pinça que pegava só no dedo, quase com repulsa, e houve até um - flor de mentiroso! - que inventou que após apertar as mãos de certas pessoas suadas, ansiosas e grudentas, Alfons teria tomado, rapidamente e às escondidas, uma dose dupla de antibiótico preventivo.
MOLEZAS ARREDIAS, MÃO DE PINÇA.

Não sei, não vi, não posso garantir. Mas, como sempre dizem os fofoqueiros indicando a fonte: quem me contou foi a prima do cunhado do vizinho do Fulano que vem a ser contraparente da tia que eu 
não tive.

Brincadeiras à parte, sugiro ao mestre Alfons que, na próxima rodada, antes de apertar mão de gaúcho, coma feijão, uma vez! (GRAÇA CRAIDY)

Foto: André Ávila / Agencia RBS

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