Wood-facebook.

 O negócio é vampirear.
Não sei se você notou, mas o Facebook deu à luz um tipo de gente cara de pau e competitiva que adora pegar carona nos posts dos outros pra se projetar, assim tipo o anão e o gigante do filme Madmax, só que ao contrário: quem sobe no ombro do cabeça é o caroneiro.

É até engraçado, porque se você vai na página da pessoa, é um Saara intelectual: você só encontra florzinhas, bichinhos e posts pífios com prazo de validade vencido.

Sim, geralmente a pessoa que adora encher a página da gente com seus pensamentos, comandos e tem-ques não escreve coisa nenhuma na página dela. O negócio dela é vampirear, mesmo, nas páginas alheias.

Snifsnifsnif, ela vem farejando com sua fuça rapinosa e aproveita a oportunidade quando se depara com o seu post interessante que, por estar em sua página - isto é assinado, endossado por você -, você pesquisou, burilou, caprichou, não vai sair postando no Facebook qualquer porcaria, né, afinal, é o seu nome que está ali.

 O Facebook é tipo um jornal.
O que a pessoa-vampira quer é aproveitar que você se expôs e trazer o mundinho dela pra dentro do mundo que você acaba de apresentar, tentando se apoderar um pouco do brilho que porventura você tenha obtido com a sua escolha.

Digo apresentar, porque pra mim a minha página do Facebook é tipo um jornal que eu edito com pauta decidida por mim. Pauta que eu escolho com muito critério porque me interessa que meus eventuais leitores saiam mais ricos de alguma maneira da minha leitura. E me proporcionem a contrapartida de me enriquecer, também, trocando figurinhas e nos divertindo de bom escambo.

Porém, devo esclarecer: sinceramente, não escrevo ali para servir de suporte a vaidades ou ideologias alheias. Principalmente se a vaidade ou ideologia alheia não consegue se manifestar civilizadamente, e usa de alguns recursos que eu, mais por ser velha que diaba, percebo de longe e já começo a encilhar meu cavalinho pra sair a trotezito da chuva.

Por exemplo, você está contando de uma viagem, como fiz recentemente, bem entusiasmada descendo a detalhes, mostrando fotos etc, a pessoa essa é acometida de uma profunda e lancinante inveja e fica se remoendo: como é que eu posso ficar melhor na foto que ela? como é que eu posso ficar melhor na foto que ela?como é que eu posso ficar melhor na foto que ela? E tasca qualquer coisa que geralmente nem tem a ver com o assunto, citando alguma viagem que tenha feito, onde brilhou e aconteceu e foi mais feliz - muuuito mais feliz! - que a pessoa que escreveu o post. E a inveja dela fica ali rodeada de luzinhas- pisc! pisc! pisc!- entregando pra todo mundo o quanto ela ficou incomodada com a questão.

Por que não me desclica?.
Ora, me pergunto, por que cargas d'agua a criatura vem ler o meu post? Por que não segue adiante, me bloqueia, me desclica em "seguir" e nunca mais nada meu aparece na Timeline dela? Não sei. O negócio dela é ficar atenta e quando tilinta o sino de alguma alegria minha, ela vem correndo e segura a corda e tasca o verdor da sua inveja transfigurada de eu-também-e-mais-muito-mais.

Mesma coisa os ideológicos e suas viseiras. Você fala X, Y ou Z e eles entram de sola com seu discurso de frases feitas e agressivas, que me irritam profundamente porque a mim parece que vomitam sem-cerimônia no tapete da minha sala sem me pedir licença.

Não meca! No tapete da minha sala, hã-hã.

Esses tempos teve uma que, ociosa, bem se vê, e em não havendo mais onde despejar seu conhecimento acumulado, achou de vir dia e noite na minha página polemizar sobre qualquer assunto, de música a arte, de política a besteirol.

Tudo que eu postava, ela tinha apartes cheios de proparoxítonas tentando me fazer ver o quão ignorante ou mal-informada eu estava sendo, ao mesmo tempo em que ficava argumentando na esperança de que eu, vencida pelo cansaço, anuísse, enfim, ao seu ponto de vista. Até nos momentos em que eu conversava nomeando outra pessoa, - viu, Fulano? - ela se botava com os quatro pés no meio da conversa, me fazendo ver o quanto eu estava enganada, para meu tédio e dissabor.

 Ops!
Depois de muito contornar, procurando ser gentil, ou no mínimo educada - coisa que sou, pero muy mal-aprendida, devo dizer - tentando levar para o lado do humor, cheguei à fatídica conclusão de que só havia um jeito de me livrar de seres humanos assim enquanto chatos. Apertando o botão do delete.

E foi o que eu fiz. E é o que eu faço. Quando percebo que a criatura que me visita está me tirando pra rufião*, escada pro seu discurso, luz néon pra sua inveja mal-resolvida, não tenho o menor pejo. Deleto. Deletei. E deletarei. Ops! ( Graça Craidy)

* Rufião é um cavalo castrado usado para detectar que éguas estão no cio; ele leva as patadas e os rechaços das fêmeas, abrindo caminho para o cavalo reprodutor entrar em cena e cobrir a égua.

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