O Papai Noel anoréxico.

Era uma vez um papai noel anoréxico que perdeu o emprego mas ganhou de novo o interesse da mamãe noel que acabou ali mesmo com essa história de papai-mamãe e deu o maior guenta no noel dizendo que xo,xo,xo essa parentagem broxenta  e vamoquevamo neguinho do meu chamego e como o noel emagreceu e quebrou o quebranto, a coca, que tinha lancado  um feitiço pra ele ser gordo forever, se esvaiu numa nuvem preta fedorenta fazendo pof! e, na falta da tal felicidade de fingimento apregoada por sua propaganda infame, todo mundo comemorou o natal tomando chimarrão e pinga e rum e vinho de jarra e água da fonte, dançando o ai-bota-aqui e tava escrito que podia botar o que quisesse, ate o seu pezinho e era uma vez miniconto de um papai noel chines, quem não gostou que conte outra vez. Beijos de feliz natal e feliz ano novo! (Graça Craidy) PS: papai noel era anoréxico só de mentirinha. Ele na verdade fez vigilantes do peso escondido e mentia que era anorexico porque causa muito mais na balada prum papai noel ser anoréxico que fazer vigilantes, não é? 
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Eu acredito no lado B.

A gurizada provavelmente não vai saber do que estou falando, mas, no tempo do disco compacto simples, quando vinham gravadas só duas músicas, existia o Lado A, onde a gravadora colocava uma música que queria que a gente transformasse em sucesso, furando de tanto ouvir e atormentando as rádios pra tocar. E tinha o outro lado - o B - onde gravavam uma música menos votada, pressupondo que aquela ali nunca ia acontecer. Ou seja, eles que decidiam o lado nobre pra gente curtir. 

Pois eu, enxerida, adorava os Lados B. Pensava: se eles querem que eu escute só o Lado A, me manejando que nem uma ovelha bocó, sinal então que ali naquele Lado B deve ter coisa que me interessa (pelo menos pra mim que queria gostar com meu próprio gosto, não com o alheio). E assim descobri maravilhas de poesias empoeiradas e melodias lindíssimas jamais ouvidas por quem caía no conversê monoteísta do Lado A. 

Conto isso, porque com gente é igual. As pessoas escolhem (ou, na divisão de papéis da família, “escolhem” pra elas) um Lado A pra tornar público, e os outros acreditam que a verdade inteira é aquela ali. Nem questiono se o tal Lado A que cada um decide mostrar é bom ou ruim. O que não engulo é a limitação de alguém ter que se aprisionar num único lado. Pobre, pobre de marré. 

É sempre interessante dar uma espiada no Lado B das pessoas. Pode ter ali um monte de coisas deliciosamente surpreendentes que a gente nunca saberia se não relevasse o Lado A e fosse mais fundo. Atrás dum cara carrancudo pode ter um coração de manteiga se defendendo de ser rejeitado, rejeitando-se ele mesmo antes de levar um “não” pelas fuças. Atrás de uma mulher muito gargalhante pode ter uma alminha triste que não recebeu permissão pra ser normal, isto é, pra ser frágil e forte, triste e alegre, rir e chorar. 

Uma vez recebi uma lição inesquecível dum garçom, num restaurante em São Paulo. Eu estava superestressada, ele trouxe o prato errado, derrubou os talheres e soltei os cachorros no pobre homem. Em vez de responder na mesma moeda, ele ficou me olhando, muito calmo, retirou o prato e falou suavemente, com aquela voz de amansa-louco: - “A sra deve estar com problemas…Já trago o seu prato certinho.” Fiquei muda e acabei rindo sozinha, envergonhada da minha reação. Tivesse ele acreditado no meu Lado A e eu nunca aprenderia mais essa. 

Desejo, querido leitor, que você ajuste seus sentidos com sintonia fina pra descobrir interessantes Lados B por aí. Quiçá até Lados C, D, E, F, G. Por que não?
( Graça Craidy)

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